2005/02/06

Acústica Amorosa

Temos esta música em comum: a sua
transparência percorre os séculos sombrios; e
o som dos seus ecos introduz-se nas cavidades
da memória. São pedaços de eternidade
que se incrustaram no tempo; restos de luz
numa deambulação de dedos. Preparo
a transposição da voz para um jardim botânico
de sensações: um canteiro regado pela ternura
do ocaso; os caules da frase mergulhados
na terra do desejo. Afasto as folhas, como os cabelos,
da testa: e sigo o desenho das pálpebras,
até ao canto dos olhos, onde
o improviso começa.


Nuno Júdice, in O Estado dos Campos



(Fonte: http://olhares.com - Foto de Vítor Dias)

1 Comments:

Blogger ...dina said...

E porque não, Dale? É uma proposta...

13 abril, 2005 15:46  

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