2004/08/30

Planos...

… E que o limite seja esse éter de incorpórea capacidade de fazer planar até ao infinito multiplicado pelo mundo!

O que se é, nesses três planos distintos da existência, permite que as máscaras sejam arrancadas, rasgadas, dilaceradas e sejamos, em pleno, o que simplesmente somos. Redundante mas não redutor… o inverso, sem dúvida!

Como se os passos se trifurcassem e permitissem que as sensações sejam sempre plenas, sinceras, sem fugas ilusórias…

Nesta arte de rasgar o pano que cai sobre o palco insinua-se o sopro vital que murmura que assim se vive em plenitude: imperam os sentidos, sempre despertos e consentidos!

2004/08/27

Catarse...

(Gostei desse "conceito viciado" da realidade exclusivista do nosso olhar… Perturba-me pensar que isso é verídico, mas o facto dita-me que essa é a dureza da realidade…)

As sombras que passam são meros vultos ou o seu suave toque, indiferente à nossa passagem, torna-nos bolas no veludo verde do snooker?

Reacção – efeito… as consequências são múltiplas e tão díspares quanto a tentativa de tornarmos o presente uma mera peça de elenco…

Não chegam as didascálias, não bastam a indicações do ponto… o momento é tão leve que a sua substância etérea se desfaz e refaz a cada sopro da respiração, por mais que o coração esteja compassadamente lento…

2004/08/25

Visões...

Entre o pretérito (im)perfeito surge o condicional e desnuda-se o presente…

Hoje o que vejo neste horizonte azul salgado são os fragmentos que bóiam na incerteza desse momento em que submergem (ou não)… vir à tona, respirar, limpar os olhos desse vício de se observar, nadar e mergulhar… demasiados verbos para que os conjuguemos na doçura das sensações…

E vejo-me gárgula, porque o apetite é voraz e a sede de abraçar é demasiado insuportável! Na pele deste reinvento o toque da realidade e permito-me perceber as paredes internas deste sentir!...

(Na galeria de horrores o que delimita é real ou projectado?)

E… pensemos… “no início era o verbo”… por isso nos fazemos de actos!

(Ao longe ouço um Molière revisitado por um sino de uma capela…)

2004/08/21

Ponto Zero, Ponto Um...

As palavras outrora teste...

... Teste outrora às palavras...

Permanecemos!

.../...

Mas hoje a certeza de que a realidade (presença) consentida permite a evolução dos sentidos, a magia da cumplicidade e da harmonia!

Rasgo-me num sorriso!

Sonho de crisálida...



(Fonte: http://www.fotografia-na.net/)

Vejo uma teia que prende...

Parece-me...

Nada se esgota na multiplicidade de máscaras que somos... porque nos construímos em todos os minutos, porque absorvemos dos outros novas essências que consolidam a nossa...

E sempre o arrepio da existência vivida que nos permite adensar a certeza dos objectivos...

Sem prostações involuntárias, creio, apenas uma necessidade de sermos “espectadores atentos” de uma realidade que se pretende apreendida num todo figurado...

E quando te sentas e olhas e pensas e respiras o que és corresponde ao que precisas de perceber, porque as pausas também se querem, porque os momentos devem ser digeridos e dissecados...

Nesses momentos nada se aguarda, mas tudo se sente...

Essencialmente um aparente sono...

... Parece-me...

2004/08/18

Registo(s)...

Nesse limbo do talvez crucificas a densidade lunar que te poderia dar as asas para voar… Falta-te Dédalo, questiono afirmativamente…

A glória dos actos está em Prometeu que roubou o fogo aos deuses e o deu aos homens, permitindo a ascensão destes a um Olimpo de certezas… ludibriemos os deuses e façamos um festim!

E quando te projectas nessa parede serão as sombras que te ditam a realidade? Ou nessa presença vítrea os olhos são audazes e perscrutadores?

E sim… a revelação que se consente num intermédio do “talvez”… num espaço deixado solitário e sem guarda… insinua-se a música, enche o espaço e soltas-te da parede para voar numa dança!

Aguardas o abraço do imediato que te faça erguer de ti? Reconheces o “registo” certo?

2004/08/15

Sê...

Nessa parede que te reflecte a densidade de desejares seres apenas e só isso: imóvel, presente, observadora, subjugada ao rol das emoções... A vida nega-to e ardes!...

Nasceste na espuma do mar e nele banhas os pés doridos pelos rasgos acutilantes da aurora... Todos os dias que nascem mostram-te a graciosidade dos momentos e, ao decidires seres parte dessa perenidade, desfazes em ti a luz da eternidade... A vida permite-to e sentes!...

Sem epitáfios cansados e evitando as sequelas repetidas, palmilhas os sentidos semi-perfeitos e procuras-te nessa procura do ser que se envolve na espuma do luar ardente... A vida nega-to e insistes!...

Dança e voa e apaga em ti aquilo que procuras... existes, isso basta! Vive-o!