2004/09/30

Murmúrio(s)...

Escuto(-te), sim… o sentido embrenhado nos sentidos, a sinestesia plena e pura!

Desfaço-me no sal das tuas palavras e permito que a doçura se envolva nele, nelas, nisto, em nós… Porque houve uma barreira que se quebrou e permitiu a nova identidade: a cumplicidade.

E há uma perfeição que se busca nessa “síntese de momentos consentidos”, mas é o percurso a essência, ficando olvidado o objectivo. Afasto, também, a “perversidade” do jogo, para que este seja apenas equilíbrio e harmonia.

Momentos há em que as palavras são, apenas, “metáforas espectadoras” e em que as suas múltiplas significações perdem todos os códigos e em que simplesmente as rasgamos com prazer hedonista.

... O arrepio na pele...

2004/09/27

Tudo e nada...

Diria que começa aqui:

Pudesse eu não ter laços ou limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes.


Sophia de Mello Breyner Andresen

.../...

Mas insistes em perder e encontras o vazio onde flutuas! Ou é no vazio que te perdes para que possas insistir sem laços que te amordacem?

E é sempre tarde... num sopro da madrugada os passos traçam um caminho já pisado... é tarde mas continuas, porque a sensação é de que será ali, a escassos segundos, que encontrarás a essência, o fundamental...

Na escuridão há faces que olham sem ver... que te analisam sem te encontrar a beleza despida, cor de carne, rasgada num olhar que te lanço e que te toca.

Vejo-te... mesmo na distância dos minutos, entendo-te... mesmo que as palavras sejam veladas...

Tu sabes... tudo e nada é o que nos remete para esta essência... eu também sei!

2004/09/24

Breve...

E sinto...

Mas é um amplexo tão vasto quanto complexo!

E a “respiração” num poema de 6 minutos que recordo...

Breve é a dimensão do espaço, curta é a noção do tempo...

2004/09/23

A essência do essencial...

[Porque és prosa estendida num verso clamado em voz embargada da emoção, saboreando as palavras por entre os lábios semicerrados, degustando-as como sendo só tuas...

Fazias/fazes falta!

E aí sim, o espaço adormecido, mas latente, do absoluto!

Mas também o tempo coerente da saudade... tempus fugit...]

2004/09/20

Cais...



São sempre densas as brumas nesse cais da saudade...

Quantos Adamastores troam perante essas velas?

E é só... a imensidão incontida numa eternidade de sentidos, mesmo que difusos, confusos, tacteantes, periclitantes...

(Fonte: http://www.thousandimages.com/)

Momento ténue...

Em todo o espaço há ausência...

Dir-te-ia (como já disse) que mesmo entre letras o fosso entre uma e outra é abismal...

... E é aí, creio, que nos perdemos na comunicação, ou encontramos tudo na cumplicidade!

.../...

O rio que passa, ora calmo, ora tempestuoso obriga-me a reflectir nos intervalos ritmados... Ergo-me no limbo e tento o equilíbrio...

Os passos são trémulos...

Caminho!

2004/09/19

“.. tudo passa”

... Tudo muda com a passagem dos momentos sempre céleres... sim. Arquétipos que se revisitam, como um álbum de fotografias a preto e branco. Modelos existentes que não se pretendem estanques.

Evolução... construção... inovação.

E o "devir" que se instala no presente,
... inusitado,
... sempre surpreendente!

Invoco os seis sentidos e observo o rio que passa!

2004/09/18

"Um Ritmo perdido"...

Se uma pausa não é fim
e silêncio nâo é ausência,
se um ramo partido não mata uma árvore,
um amor que é perdido, será acabado?

um ouvido que escuta
uma alma que espera...
- uma onda desfeita
É ou já não era?

Nuvem solitária,
silenciosa e breve,
nuvem transparente,
desenho etéreo de anjo distraído...

nuvem,
esquecida em céu de esperança,
forma irreal de sonho interrompido..

nuvem,
luz e sombra,
forma e movimento,
fantasia breve de ânsia de infinito...

nuvem que foste
e já não és:
desejo formulado e incompreendido.


Ana Hatherly (n. 1929, Porto)

2004/09/16

(...)

(“Naquele sonho passado havia uma ponte pequena, perdida e esquecida, periclitante...

Hoje há passos que se encaminham para ela... que se quedam no percurso... lá em baixo a imagem reflectida na água arrepiada pelo vento...

O rosto envelhecido que se desenha aparenta um sorriso nostálgico, como se o reencontro com o passado trouxesse à pele essa necessidade de desenhar as rugas já desaparecidas...”

Em cima da ponte trocámos mais do que meras palavras...

.../...

Urgentes, estes momentos de revisitar palavras e sentimentos passados, somente...

Shiu...

... Silêncio!)

PUM!!!

2004/09/10

Permissões...

Apreendo o (i)real e saboreio esta tonalidade de sons imensos…

Sinestésica sensação de existir e de me permitir à permeabilidade dos sentidos…

Levanto-me e caminho, doce refém da rosa dos ventos que é o momento puro…

2004/09/09

Início(s)

E no início era o verbo...

... a palavra!

Desenhada na areia que o mar acaricia ou solta pelos ares que o sol ilumina...

O que está embrulhado ou o embrulho é que provoca?

De que se vestem as sensações?

.../...

Optaria por rasgar essas roupas que ocultam!

2004/09/07

Momentos...

Momentos há, porém, solenes e perenes, guardados algures, ciosamente, como se fosses âncoras que nos acodem e embalam...

Sempre as interrupções, como o negativo e positivo da linha eléctrica que nos percorre, gerando-nos seres de sentimentos mentais...

Aí reside a constância da vida, o livre-arbítrio, a razão iluminada que nos acolhe no seu seio.

Findo isso o que resta desfaz-se em alma e, meramente, sente-se!

...

Primordial é entendermos o que nos esclarece!

2004/09/01

E agora?

(Ambas… direi eu…)

No espelho desse corredor denso – repito a alegoria – sinto uma respiração essencial… roça-me o pescoço e apodera-se do momento…

Olhar inquisidor de sobrancelha erguida… curiosidade sôfrega…

Ou olhos que pousam numa realidade de tons imensos?

...