2004/07/31

Regresso!

Encaremos um ponto final exclamativo neste parêntesis interrogado!

Voltemos à(s) dança(s)!

2004/07/26

Justificação...

Hoje, amanhã quem sabe (!), sou um parêntesis do tamanho do mar!

"Duplicidade" de sentidos...

Sento-me nesta perenidade solene de instantes do passado,
Quedo-me na imobilidade de criança amedrontada…
Um fio, um risco, uma linha de fogo que me rasga a alma,
Dilata-me os sentidos numa escuridão tensa…

As manhãs de sol puramente externo, as noites de lua apagada…


Desejo o beijo de água salgada, os pés na areia molhada,
A incandescência apaziguada desta ferida imensa do meu ser…
Felicidade do passado que se ausenta do meu presente,
Do amor esvaído, esquartejado, anulado, apagado… ausente!

Nas tardes extintas de praias percorridas a um passo só…


Desfaço-me nas muralhas tua ausência!

Frágil realidade

Na impossibilidade de me despir de mim… dois trilhos:

- a vereda estreita do silêncio…
- o caminho denso do grito…

Em ambos os casos… simplesmente metáfora do que sou, aqui ou ali…

2004/07/25

...



(Fonte: http://www.thousandimages.com/)

Aguardo(-te)...

2004/07/23

O IV da(s) Dança(s)...

Ritmo sem espaço entre os vultos, toque no toque, as eternas mãos envolvidas nesse perfume de sons enleantes… Na escuridão a imagem ganha a forma da recordação do passado recente…

A nudez do palco mudo incomoda e tranquiliza… (antítese…) como se a vida deste, dada pela energia transmitidas do(s) corpo(s) simbolizasse um desejo não desvendado, como se de um medo de rasgar a realidade se tratasse…

«Parece bonito, mas quase arde…», consequências potenciadas pela “imobilidade” dos gestos travados pelo puro prazer, que se pretende adiado, sine die (questiono)…

E um sobressalto na penumbra… sem aviso a cortina que desvenda dois corpos, de rosa na boca, e uma música apoteótica que ribomba nas paredes seladas de uma sensação que teima em permanecer, espinha dorsal de uma interrogação…

Aqui e agora, exijo-o! Que não pare esta imagem dançada e que o rosto paciente ganhe luz!

2004/07/21

Dança(s)...

Plateia escura… cadeiras despidas… uma presença expectante… Cortinas cerradas…

Insinua-se uma música, melodia serpenteante de ritmo suave e envolvente… Uma luz começa a brotar, num crescendo pausado e tranquilo, quietamente as cortinas apartam-se e desvendam uma figura cujos contornos vão ganhando nitidez à medida que a luz aumenta…

(Exigiria um tango, de mão na mão, emocionante, apaixonante de rosa na boca e corpos colados nessa dança.)

A nudez do palco contrasta com a intensidade do(s) perfil(is)… a entrega à música irrompe de súbito e a sensação é de mágica levitação…

Quando cessa a música, se fecham as cortinas e a música se emudece, o travo que a boca regista é de escassez de momentos…

Na plateia, nessa escuridão há um rosto que fita e aguarda o próximo acto…

2004/07/19

Sensibilidade(s)...

Discurso de sensibilidade aflorada, tocada, registada numa realidade vítrea (?)…

“Estilhaços”, somente? Claro… nessa proficuidade de palavras, sons, imagens sente-se a falta essencial… Será?... Não seremos somente parêntesis de momentos (des)iludidos do néctar essencial?

Quebrar o vácuo do silêncio arranhado, rasgar a cortina de fumo, dilacerar essa barreira (in)visível de (in)transponibilidade…

Regresso à sensibilidade como questão essencial… como se exigisse que alguém se despisse de “si” para se tornar, simplesmente “si”…

Renascimento doloroso, parto pleno de dores essenciais, fulcrais, vitais… Como de água para matar a sede se tratasse!

Olho sobre o meu ombro e leio as palavras: «Partir em caso de incêndio». Ao meu alcance o martelo... ensaio o gesto... mas quedo-me pelo exacto momento..

2004/07/17

Shhh....

Silêncio...

Shhh...

E o sopro nascido dos lábios semicerrados gera um turbilhão... algures... longe... (ou perto?!)

Mais uma gota a somar ao infinito do oceano...

Silêncio...

E o desejo de que algumas palavras nunca sejam sopradas em vão...

Shhh...

Toque(s) Alheio(s)...

Um toque do teu dedo no tambor dispara todos os sons e começa a nova harmonia.
Um passo teu é a sublevação dos novos homens e a sua arrancada.
Viras a cabeça: o novo amor! Voltas a cabeça, - o novo amor!
“Troca os nossos lotes, livra-nos das pragas, a começar pela praga do tempo”, cantam-te estas crianças. “Ergue, não importa onde, a substância dos nossos destinos e do nosso arbítrio”, imploram-te.
Chegada a todas as horas, partida para todos os lados.



Jean-Arthur Rimbaud (1854 - 1891)
in Iluminações
(Organização de Mário Cesariny)

2004/07/15

(?)...

 
Como Ícaro (?)...

(Fonte: http://www.thousandimages.com/autor.asp?idautor=548)

Um "rasgo"...

Quando as palavras ganham contornos figurados perde-se o contraste entre o “real” e o “imaginário”. Entre um “rabisco” e outro permanece, porém, a anestésica sensação de incapacidade perante a “visão” pragmática…

(Palavra dita, momento irreparável… os joelhos no chão cortante e o rosto por entre as mãos da desilusão. O toque fica, meramente, no infinito do vazio do muro que nos separa e cresce, atrozmente…)

No passeio dos dias, de calçada lívida de cansaço, um novo “rosto” que brota das palavras arrastadas, um desaguar de rio(s) de lava contida, fúria emergente de sinónimos (re)inventados, (re)visitados…

E o paralelismo de sabores antagónicos que se cruzam na face desse abismo hedonista…

Sensações em ti?

2004/07/14

Parêntesis...

Apetecia-me escrever-te algo que não consigo definir numa palavra coerente... são tantas as referências que me embrulho nas palavras dos outros sem desvendar as essenciais, a minhas, as que ficarão na tua memória (ou não...).

(Des)Amor este, o nosso... na casa as sombras vão ocupando os lugares serenamente, sem que nos apercebamos... momentos há em que sinto que os livros estão fora do sítio... arrumo-os novamente... continuamente... mão invisível que me atormenta os literatos!

Mas, dizia-te, o tempo passou por nós e nós não o bebemos com sabedoria... agora instala-se a fome dos momentos perdidos, a roçar um arrependimento... não afirmo, pergunto(-te)...

Poderia atirar cada frase, cada palavra para o abismo defronte nós que negarias a sua existência... mesmo que o mesmo ficasse falsamente tapado bastar-me-ia uma palavra dos teus lábios... ou do teu olhar... mesmo que, de seguida, incendiasses esta pira que construi(mos).

A noite vai lassa e em breve se findará no nó apertado da madrugada da ausência... sinto-o... sangra em mim essa certeza... perenes os passos para a redundância do fosso, movimentos meramente pendulares da certeza...

Neste parêntesis a minha (in)certeza... somente ela(s)...

Estilhaço-me num “adeus” (?!)...

2004/07/13

Contraste(s) (?!)

Um toque… na luz…

O inalcançável agora tangível, palpável (?). Entrada no espaço intermédio entre o ser e o não-ser…

Palavra(s) “ausente(s)”, “escondida(s)” nesse vácuo do sentir vasto. Pergunto-me sobre o sentido dos “sentidos”, interrogação de contornos muito/pouco (?) delineados. Depois vem a noite e a bruma paira sobre os “momentos”…

Disparidade esta entre noctem et lucem… porém com pinceladas de manifesto interesse…

Agora, neste aqui imediato, os olhos cerram-se e o sono é fatal… com tudo aquilo que o mesmo implica…

2004/07/12

Palavra(s) alheia(s)...

Coração Polar

I

Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha .
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.




Manuel Alegre (n. 1936)
in Poemas de Amor
(Organização de Inês Pedrosa)

2004/07/10

Descoberta...

Quando o momento é solene e pesado pelas circuntâncias da vida, impõe-se a reflexão dos “momentos” e do “experencialismo”...

Não creio em “percas”, mas sim nas conquistas interiores, não projecto “arrependimento”, apenas experiência(s)...

Procura na sede nas palavras embevecidas, agarrar o espaço que medeia uma letra e outra e quebrar-lhe o fosso, dando-lhe uma nova fronteira de fácil passagem. A impossibilidade absoluta do “absoluto”, pleonasmo que denomino de “interessante”...

Unamos os “fragmentos” e pintemo-los da “densidade” pura...

Desafio(-te) em ti... em mim!...

2004/07/08

Arrependimento de um traço...

Primeiro traças um caminho... depois eis que o mesmo desaparece nas brumas...

Arrependimento de um traço que indicava o caminho certo?...

Densidades...



Denso... sinuoso... mas belo!...

(Fonte: http://camaraescura.no.sapo.pt)

No corredor denso...

A imagem dos “corpos” no corredor denso… vejo-os “unos” na essência espírita, não na corpórea… passo, esse, de gigantescas proporções e interrogadas sensações… desafio “constante” e “interessante”, porém…

Na fusão dos sentidos (acredita-se) perdem-se os “códigos”, as “normas”, as “regras”… Importa teorizar o que é bom?

Incomoda-me pensar nos “caminhos” direitos, choca-me ver um trilho limpo de silvados… há que rasgar a carne para que se saboreie o sangue! E essa é a “legítima” entrega: a de quem vive as sensações, as sente de “peito aberto”, mesmo que o que vejamos e sintamos sejam meros “fragmentos”…

O preto e o branco da realidade está para além do possível, misto de infundamento… onde colocar a escala dos cinzas degraidées? É nesse misto que nos fazemos na (des)união… mas a entrega, sim,… com a certeza da sua absoluta verdade…

2004/07/07

Face(s)

Paixões camaleónicas, “actores” contidos numa realidade de palavras imortais… Cai o pano… A máscara é arrancada com violência, descobre-se outra, outra, outra, e outra… o “beijo”, na alma, é o mais sentido mas demora na sua “chegada”… mas anseia-se pela mesma…

O lado de “perversidade” transpõe-se para o lado da “diversidade” de sensações num jogo, não tanto, “seguro”, de emoções latentes e à espera de análise racional… o fogo que queima e eleva a pira a um longínquo céu azul… difícil entendimento este…

Cumplicidade construída/cumplicidade instantânea… que definição?

Nos (meus) lábios a palavra doce… aquela que antecede uma “nova” sensação…

2004/07/06

Viagem(ns) de/pelos sentido(s)

“Sabores”, “sensibilidades”, “vestígio(s)”…

E a “fraqueza”… claro…

No jogo das “fasquias” erguidas, sob o seu jugo pesado, as palavras são meros símbolos… dissertativas, abstractas, abrangentes… Ergue-se o “stop” racional e pratica-se o exercício da lógica… falhado, porém…

Numa alquimia de sentimentos/sensações sugere-se o seguinte:

- Que máscara(s) são esta(s)? Quem “sinto” eu do outro lado?

Novamente o início (eterno retorno este…): “sabores”, “sensibilidades”, “vestígio(s)”… Viagem ininterrupta por uma linha de raciocínio, por um fio de sentidos…

E as palavras de Sophia , as primordiais, as eternas, as amadas… o acto de “despir” contínuo da libertação dos “grilhões” normativos… invisíveis…

… Porque assim se faz o acto de amar!...

2004/07/05

Rolo de palavras por desatar...

De novo a palavra aguda que me lanças... de "normas" transitámos a "regras"... devidas excepções aos sentimentos latentes e intrínsecos...

Ao momento rapta-se a particularidade do mesmo, transfigura-se o paladar das palavras numa alcalina fusão de impotência atordoante...

Manhã esta, pastosa, arrastada, doentia de olhos semi-cerrados prostrados aos pés de uma Phoebe que desapareceu...

(...)

De ti aguardo as "palavras", num entendimento para "além de". Persegue-me a questão de como será a trajectória entre o "ponto zero" (absoluto nada, nada em absoluto) e o horizonte infinito...

Pálida lembraça de que o passos se cruzaram há segundos atrás... sento-me nesta janela sobre o eterno e apenas coloco o rosto por entre as mãos, aguardando os sons das palavras escritas...

2004/07/04

Texturas de um Domingo...

“Normas”... Termo de sabor acre, de cor formatada, banalizada, vandalizada... O purismo das sensações impede-me a expressão desse gesto...

“Normativos” interpessoais... linhas traçadas, concretas no papel, sinuosas no percurso...

Uma noite que chega, de lua a esvaziar-se e as palavras atiradas ao chão, dobradas nos significados múltiplos... sintetizam-se sentimentos em frases e a realidade torna-se branca de palidez opaca... de luvas puras embrulha-se o momento e arruma-se o mesmo, junto de outros, na prateleira que indica “incontornáveis”...

Analisar, dissecar, rasgar, mutilar numa noite o sentimento antigo faz-me despir de tudo e partir de mim, sem vontade de regressar...

“Norma(s)” de percurso(s) uno(s) que se desfaz(em)(?)...

2004/07/03

Ponto Zero...

As palavras de teste...

... Ou o teste das palavras?...